Um
dos aspectos mais perturbadores dos relacionamentos é o constrangimento
que sentimos quando estamos na presença de determinadas pessoas. Não
importa o que elas digam ou façam, existe algo nelas que evoca em nós
uma resposta fortemente matizada com repugnância, combatividade, raiva -
tudo, menos aceitação ou amor.
Por que algumas pessoas nos afetam desse modo, enquanto que com a
maioria das outras que encontramos na vida sentimo-nos capazes de ficar à
vontade, amorosos e abertos? Por que respondemos tão negativamente à
presença de algumas pessoas?
O problema é com elas? É conosco? Ou um
pouco de ambos?
Talvez uma das realidades mais difíceis que qualquer um de nós
precise enfrentar seja o fato de que aquilo que detestamos ou não
toleramos nos outros é o traço de personalidade com o qual ainda não
chegamos a um acordo na nossa própria vida.
Aquilo que me incomoda na
outra pessoa está espelhando algo que não perdoei em mim mesmo, ou em
alguém do meu passado. Minha intolerância no relacionamento atual é, em
última análise, uma intolerância por mim mesmo ou por alguém do meu
passado.
Como isso é possível? Isso ocorre porque armazenamos todas as nossas
experiências passadas - tanto as amorosas quanto as dolorosas - nos
recessos da nossa mente. A maior parte do tempo mal temos consciência de
que as lembranças dessas experiências estão ali, e é difícil acreditar
que o nosso passado pode realmente afetar o modo como vemos o mundo no
presente.
Nossos relacionamentos mais difíceis frequentemente colocam um
espelho diante de nós, refletindo para nós assuntos pendentes do
passado. Só quando somos capazes de fazer uma pausa, mergulhar no nosso
âmago e então reviver essas experiências, é que podemos começar a
perdoar a nós mesmos ou aos outros.
Para termos relacionamentos íntegros e equilibrados no presente, é
necessário curar os antigos e doentios relacionamentos que no passado
mantivemos conosco e com os outros.
Gerald Jampolsky
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