quinta-feira, 26 de maio de 2016

DIVALDO FRANCO: O CAMINHO PARA A PAZ INTERIOR BRATISLAVA MAIO DE 2016



DIVALDO FRANCO NA EUROPA – 2016

Bratislava, 19 de maio de 2016

Na última quinta-feira, 19, o médium e orador espírita Divaldo Franco proferiu uma conferência na cidade de Bratislava, capital da Eslováquia, com o tema “O Caminho Para a Paz Interior”.

O evento foi realizado na Casa de Cultura Ružinov, com a presença de mais de mais de 70 pessoas.  
 
 blogberlinmd.com
 
 Como introdução ao tema, foi narrada a história contida no livro “A Sinfonia Pastoral”, de autoria do escritor francês André Gide, que foi inspirada na 6a. Sinfonia de Ludwig van Beethoven. A obra literária conta a história de uma menina cega que foi abandonada pela família e descoberta por um pastor, que adotou-a e educou-a. Anos depois, já vivendo em Paris, a menina foi submetida a uma cirurgia experimental que lhe restituiu a visão. Indagada sobre o que gostaria de ver, ela disse que queria visitar o Bosque de Bologne, para contemplar a Natureza. Após ver o esplendor das plantas, flores, animais, a harmonia da Natureza, perguntou ao seu tutor qual a razão de as pessoas serem tão tristes, se havia tanta beleza no mundo. A resposta: porque os  seres humanos raciocinam, criam para si mesmos muitos conflitos e , por isso, sofrem e tornam-se infelizes. A menina notara que inclusive o seu tutor tinha sempre o semblante infeliz. Certa feita, o filho daquele senhor visitou-os em Paris. Era mais ou menos da mesma idade da menina, agora já jovem.  Desde o primeiro contato entre os jovens, surgiu um terno encantamento entre eles. O pastor notou que o filho estava apaixonado pela moça. E isso lhe amargurou, vez que, intimamente, sentia por ela um carinho e uma atração além da ternura paternal. Diante desse terrível conflito, enviou uma carta ao filho, narrando-lhe o drama e dizendo que deixaria o caminho livre para que ele (o filho) e a moça pudessem vivenciar o amor entre eles sem nenhuma barreira ou constrangimento. E suicidou-se. O filho, desesperado pelo conteúdo da carta e o desfecho da situação, fez um quadro de culpa e, consequentemente, de depressão. Escreveu à moça, descrevendo o que houvera ocorrido e afirmando que diante daquilo, nunca poderia ser feliz ao seu lado, embora amasse-a e desejasse-a. E suicidou-se também. A jovem, em choque, seguiu sem entender realmente por que as pessoas eram tão infelizes; e, naquela experiência, por que tanta tragédia, se, afinal, o que todos sentiam era amor. 

Na sequência, foi estudada a proposta do psiquiatra cubano Emilio Mira y Lopez a respeito do que ele denominou os 4 gigantes da alma: rotina, ansiedade, medo e amor. Esses elementos, presentes na vida de quase todos nós, comprometeriam o nosso equilíbrio integral (físico, psicológico e espiritual), impedindo-nos de alcançar o estado de paz e felicidade. A falta de metas psicológicas profundas em nossa existência, de motivação, vivendo-se para o atendimento de nossos instintos básicos (comer, repousar e praticar sexo), em permanente estado de ansiedade, sem confiança em nós mesmos e na providência divina, sem controle de nossos medos e  de nossa libido, comporiam o quadro ideal para a perturbação íntima.

Segundo Divaldo, deveríamos realizar o esforço para transformar aqueles 4 gigantes da alma em 4 caminhos alternativos e positivos. Em vez da rotina, termos uma vida dinâmica, variando nossas atividades, experimentando novas coisas; em vez de cedermos aos nossos medos, enfrentá-los, com o uso da audácia, da coragem; substituirmos a ansiedade pela confiança em nós mesmos e na perfeita justiça divina e em sua misericórdia, que tudo nos provê; e, por fim, educar nossa libido, para que vivenciemos o amor mais puro, livre de conflitos e desequilíbrios perturbadores. 

Foi ressaltado que seria fundamental que, em vez apenas reclamarmos de nossos sofrimentos, tivéssemos a coragem de questionar e reflexionar acerca das reais causas de nossas dores e dificuldades. O que sou? De onde venho? Para onde vou após a morte física? O exercício do autoconhecimento facilitar-nos-ia a identificação da geratriz de nossos sofrimentos e , portanto, também das formas como eliminá-los. 
 
 Divaldo, então, narrou nova história, propondo uma reflexão de seu conteúdo com base nos 4 gigantes da alma. Tratava-se de um lenhador, que vivia à beira de uma densa floresta. Certo dia, um ancião, sábio, bateu à porta do lenhador, pedindo-lhe um pouco de alimento, água e que pudesse repousar por alguns instantes, no que foi atendido. Ao despedir-se do lenhador, disse-lhe: “Homem, entra na floresta”. O lenhador deu-se conta de que nunca houvera penetrado o interior da floresta. E resolveu fazê-lo, descobrindo lá uma reserva de árvores de madeira muito nobre. Com a extração e venda daquela madeira, tornou-se rico e mudou-se para a cidade. Anos depois, lembrou-se do ancião e de sua frase. Nunca mais tinha voltado e entrar na floresta. Decidiu que agora iria mais dentro da propriedade. Foi quando encontrou importante mina de cobre. Tornou-se mais rico. Dez anos mais tarde, começou a ter problemas em suas empresas, certas dificuldades, e buscando respostas e soluções, pareceu ouvir novamente a admoestação do sábio: entra na floresta. Achou que, se havia tido sorte das outras vezes, por que não tentar mais uma vez? Fez um voo de helicóptero sobre a área, alcançando locais antes inacessíveis da floresta. Foi identificada uma mina de diamantes, cuja exploração lhe propiciou resolver os problemas em suas empresas. Quando atingiu os 60 anos, percebeu que havia ainda mais problemas, medos, ansiedades; notara que sua vida afetiva não era saudável, que sob vários aspectos cultivava conflitos, culpas, tormentos, desequilíbrios. Afinal de contas, como descobrir a causa desses sofrimentos? Como adquirir a paz real? E ser feliz? Meditou muito. Ouviu, novamente, na acústica da alma, a voz do velho sábio: “homem, entra na floresta”. E, finalmente, compreendeu que não se tratava de uma exploração na floresta física, mas de uma incursão no seu mundo interior, na floresta de seus conflitos, de seus medos e tormentos. Descobriu, assim, que a felicidade não dependia das coisas externas, das posses materiais, que são efêmeras, que atendiam às necessidades do ego, mas não preenchiam o vazio interior. Entendeu que  a grande sabedoria é a vitória sobre as próprias paixões, sobre as más inclinações. 
Floresta do Amapá Alex Silveira
 
 A sabedoria estaria na filosofia socrática que apregoava o desenvolvimento dos valores do ser, orientação que também faria parte da proposta psicoterapêutica de Jesus, que afirmara que o “reino dos céus” estaria dentro de cada um de nós. O Espiritismo, por sua vez, traria as demonstrações da imortalidade da alma, para falar-nos de que a nossa meta psicológica deve ser o viver dentro de padrões morais saudáveis, amando sempre, sem aguardar sermos amados, superando os nossos conflitos, as nossas culpas, as nossas más inclinações, para experimentarmos em nosso mundo íntimo a paz e a felicidade e garantirmos uma posição melhor no mundo dos Espíritos, em estado de plenitude. 

Texto: Júlio Zacarchenco
Fotos: Lucas Milagre

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