quarta-feira, 7 de setembro de 2016

SERMÃO DO MONTE: "VERSÃO MODERNA" (Contos e Crônicas-Chico Xavier e Irmão X)


 
 
39 - VERSÃO MODERNA
E, respondendo ao companheiro que lhe havia solicitado a tradução do Sermão do Monte,
em linguagem moderna, o velhinho amigo deteve-se no capítulo cinco do Apóstolo Mateus, e
falou, com voz cheia e vibrante :
– Bem-aventurados os pobres de ambições escuras, de sonhos vãos, de projetos vazios e de
ilusões desvairadas, que vivem construindo o bem com o pouco que possuem, ajudando em
silêncio, sem a mania da glorificação pessoal, atentos à vontade do Senhor e distraídos das
exigências da personalidade, porque viverão sem novos débitos, no rumo do Céu que lhes
abrirá as portas de ouro, segundo os ditames sublimes da evolução.
Bem-aventurados os que sabem esperar e chorar, sem reclamação e sem gritaria,
suportando a maledicência e o sarcasmo, sem ódio, compreendendo nos adversários e nas
circunstâncias que os ferem abençoados aguilhões do socorro divino, a impeli-los para
diante, na jornada redentora, porque realmente serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, os delicados e os gentis que sabem viver sem provocar
antipatias e descontentamentos, mantendo os pontos de vista que lhes são peculiares,
conferindo, porém, ao próximo, o mesmo direito de pensar, opinar e experimentar de que se
sentem detentores, porque, respeitando cada pessoa, cada coisa em seu lugar, tempo e
condição, equilibram o corpo e a alma no seio da harmonia, herdando longa permanência e
valiosas lições na Terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, aguardando o pronunciamento do
Senhor, através dos acontecimentos inelutáveis da vida, sem querelas nos tribunais e sem
papelórios perturbadores que somente aprofundam as chagas da aflição e aniquilam o
tempo, trabalhando e aprendendo sempre com os ensinamentos vivos do mundo, porque,
efetivamente, um dia serão fartos.
Bem-aventurados os misericordiosos, que se compadecem dos justos e dos injustos, dos
ricos e dos pobres, dos bons e dos maus, entendendo que não existem criaturas sem
problemas, sempre dispostos à obra de auxílio fraterno a todos, porque, no dia de visitarão
da luta e da dificuldade, receberão o apoio e a colaboração dÃOe que necessitem.
Bem-aventurados os limpos de coração que projetam a claridade de seus intentos puros
sobre todas as situações e sobre todas as coisas, porque encontrarão a "parte melhor" da
vida, em todos os lugares, conseguindo penetrar a grandeza dos propósitos divinos.
Bem-aventurados os pacificadores que toleram sem mágoa os pequenos sacrifícios de cada
dia, em favor da felicidade de todos, e que nunca atiram o incêndio da discórdia com a lenha
da injúria ou da rebelião, porque serão considerados filhos obedientes de Deus. 
 u da rebelião, porque serão considerados filhos obedientes de Deus.
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Bem-aventurados os que sofrem a perseguição ou a incompreensão, por amor à
solidariedade, à ordem, ao progresso e à paz, reconhecendo, acima da epiderme sensível,
os flagrados interesses da Humanidade, servindo sem cessar ao engrandecimento do
espírito comum, porque, assim, se habilitam à transferência justa para as atividades do Plano
Superior.
Bem-aventurados todos os que forem dilacerados e contundidos pela mentira e pela calúnia,
por amor ao ministério santificante do Cristo, fustigados diariamente pela reação das trevas,
mas agindo valorosos, com paciência, firmeza e bondade pela vitória do Senhor, porque se
candidatam, desse modo, à coroa triunfante dos profetas celestiais e do próprio Mestre que
não encontrou, entre os homens, senão a cruz pesada, antes da gloriosa ressurreição.
A essa altura, o iluminado pregador passeou o olhar percuciente e límpido pelo nosso grupo
e, finda ligeira pausa, fixou nos lábios amplo e belo sorriso, rematando ,serenamente:
– Rejubilem-se, cada vez mais, quantos estiverem nessas condições, porque, hoje e
amanhã, são bem-aventurados na Terra e nos Céus...
Em seguida, retomou o passo leve para a frente, deixando-nos na estranha, quietude e na
indagação oculta de quem se dispõe a pensar.

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