Para que os pensamentos curem
É
óbvio que as pessoas saudáveis são mais felizes que as doentes. E
vários estudos vêm confirmando que o inverso também é verdadeiro:
pessoas felizes são mais saudáveis que as infelizes.
Parece que a felicidade,
que nada mais é do que ter pensamentos positivos a maior parte do
tempo, provoca alterações químicas no cérebro que, por sua vez, exercem
efeitos profundamente benéficos sobre o organismo.
Por outro lado, pensamentos negativos
ou depressivos causam alterações químicas que prejudicam o corpo. As
substâncias químicas do cérebro, pelas quais os pensamentos operam, são
chamadas de neurotransmissores.
Pelo menos trinta tipos diferentes de
neurotransmissores já foram identificados. A proporção em que cada um
deles aparece depende do estado de espírito cultivado pela pessoa ao
longo da vida. Uma vez que controlamos conscientemente os pensamentos – escolhemos o que pensar
-, é claro que a química cerebral pode ser controlada com facilidade,
embora seja muito difícil oferecer provas científicas desse fato. Pensar
é exercitar a química cerebral.
É ela que induz a secreção hormonal em
várias regiões do cérebro, como o hipotálamo e a hipófise, e esses
hormônios transmitem mensagens a todos os órgãos do corpo.
Analisemos, primeiramente, alguns exemplos específicos de pensamentos negativos. A raiva e a hostilidade aceleram os batimentos cardíacos, elevam a pressão arterial e deixam a pessoa vermelha, entre outras coisas.
A ansiedade também acelera o coração e faz a pressão subir, provoca tremores nas mãos, suor frio, peso no estômago e fraqueza generalizada.
Os distúrbios mentais sérios há muito
tempo são relacionados a alterações químicas no cérebro. Para citar um
pesquisador: “Não há um único pensamento distorcido sem que haja também
uma molécula distorcida”.
Do mesmo modo, pensamentos positivos,
alegres, amorosos e tranquilos, como compaixão, amizade, bondade,
generosidade, afeto, calor e intimidade produzem estados fisiológicos
correspondentes através do fluxo de neurotransmissores e hormônios pelo
sistema nervoso central.
As profundas mudanças fisiológicas
induzidas por pensamentos positivos levam à boa saúde porque são
intermediadas por neurotransmissores estimulantes.
Se, como já vimos, o sistema imunológico estiver enfraquecido devido a raiva, apatia, ressentimentos,
conflitos e tristeza, então os pensamentos positivos aumentam a
resistência do organismo à doença através de um processo semelhante,
cujo resultado é inverso.
O “efeito placebo” é um exemplo desse
conceito. O placebo é um comprimido feito de açúcar e corante. Ele é
dado aos doentes como se fosse um remédio autêntico, e funciona porque
os pacientes acreditam que ele vai funcionar.
Um grupo de pacientes que apresentava
hemorragia provocada por úlcera recebeu do médico um comprimido descrito
como a mais moderna e potente droga para o tratamento de úlceras.
Setenta por cento dos pacientes deixaram
de sangrar imediatamente. Para outro grupo de pessoas na mesma situação,
o médico disse que a droga era experimental e sua eficácia,
desconhecida; em apenas 25 por cento dos pacientes a hemorragia cessou.
Todos eles haviam tomado apenas um placebo.
Esse tipo de pesquisa tem ramificações
que nem imaginamos. Antigamente, pensava-se que o placebo funcionava
porque o paciente enganava a si mesmo. Os médicos reconheciam sua
eficácia, mas consideravam-na apenas um curioso efeito colateral
psicológico.
Hoje sabemos que os placebos põem em funcionamento os mecanismos de cura do próprio organismo.
Os placebos são os melhores remédios do
mundo. Os pesquisadores estão começando a ver as possibilidades
oferecidas pelo emprego do efeito placebo no tratamento de problemas
orgânicos graves, inclusive o câncer. Norman Cousins, cujos livros
despertaram o público para esse fato, afirma: “O placebo não é um
remédio, mas o médico interior”.
Os placebos funcionam pela liberação de
neurotransmissores. Isso significa que a substância ativa dos placebos
são os pensamentos do paciente. Naquele caso das úlceras, a hemorragia
de um dos grupos cessou porque os doentes acreditaram que o comprimido
funcionaria, e quanto menor a fé, menor a cura.
Os placebos são tão poderosos que alguns
pacientes que se queixavam de náuseas se sentiram imediatamente
aliviados depois de tomar o remédio oferecido pelo médico.
Acontece que aquele medicamento induzia
as náuseas. Quando a fé é bem canalizada, pode alterar completamente e
não apenas realçar a “realidade” das drogas.
Quando se acredita que um comprimido
alivia a dor de cabeça, abaixa a pressão, melhora o desempenho sexual,
dá mais energia, aumenta o apetite, faz emagrecer ou engordar, e até
mesmo que cura um tumor maligno, pode apostar que os resultados serão
exatamente esses.
Para que os pensamentos curem, eles devem
ser sinceros e constantes, pois quanto mais eles agirem sobre os
neurotransmissores apropriados, mais os neurotransmissores poderão
influenciar o cérebro.
Deepak Chopra
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